
Um livro é como um filho, que se leva não no ventre, mas na cabeça. Como um filho, traz dores e incômodos que nada ficam a dever a uma gestação. O livro cresce dentro da nossa cabeça, incha, pesa, toma o espaço de outras idéias, de outras criações, de outras atividades.
Mas há o reverso da moeda. A alegria de se escrever um livro talvez só possa mesmo ser comparada ao nascimento de um filho. Assistir os personagens tomando forma, sentir os mínimos nuances de luz, de cheiro, de movimento de cada cena, ouvir as vozes, a música entranhada em cada momento, tudo isso é quase uma experiência celestial. Quem já teve a felicidade de se atirar de corpo e alma à atividade da escrita, sabe do que estou falando. Não sabem?
Dito isto, apresento-lhes o meu novo livro,
“Kaori: Perfume de Vampira”. Porque “Kaori”, o livro, foi tudo isso. Ele demorou a frutificar, pois a sua semente já estava viva na minha mente há quase sete anos. Durante esse tempo, Kaori, a personagem, mostrou-se de relance duas ou três vezes, em rápidas aparições em contos protagonizados por outros personagens, ou em ligeiras aventuras despretensiosas. Ela queria vir à tona, mostrar-se. Mas eu a segurava, temerosa de me lançar a um projeto que ocuparia muito tempo e gasto de energias que eu não dispunha. Foi só em 2008, durante uma conversa na Bienal do Livro com o editor Ednei Procópio, da Giz, que eu percebi que a hora de colocar no papel a saga da minha vampira oriental havia chegado. E foi o que fiz.
Foram sete meses de frenética rotina de escrever, pesquisar e reescrever. Capturar com realismo a magia de um lugar tão distante em tempo e espaço – o Japão feudal de samurais e criaturas mágicas – foi um grande desafio. Que só não foi maior do que narrar com propriedade as cenas do presente, na cidade onde nasci e amo profundamente: São Paulo. Pois se o passado é um assunto fascinante por si só, o presente é ainda mais. E o presente, no caso, é a São Paulo efervescente, uma miscelânea caótica de raças, crenças, lugares inexplorados e cantos sombrios, onde personagens interessantes surgem a cada esquina para quem tem olhos para ver. E o desafio, aí, era transpor para a escrita todas essas sensações e estímulos que esse cenário oferece ao observador mais atento.
Em “Kaori” coexistem dois livros, dois tempos, dois mundos. A Kaori do passado explica de certa forma a Kaori de agora. No que podem se transformar criaturas que vivem centenas de anos, moldadas por uma vida que se prolonga muito mais do que a vida humana? Que passam por várias situações-limite, daquelas que marcam alguém para sempre? Foi isso que imaginei ao narrar alguns fatos do passado de Kaori junto com a sua aventura no presente. Por isso, recomendo a todos que leiam os capítulos na ordem em que aparecem no livro, embora sejam duas histórias aparentemente independentes, pois dessa forma a experiência da leitura será mais recompensadora e completa.
Bem, terminado o livro, seguiram-se meses de espera revisando, corrigindo dados, esperando os comentários dos leitores-beta. Nesse período a minha ansiedade foi grande, como podem imaginar. Mas era uma etapa absolutamente necessária. Foi nesse período que o livro cresceu, amadureceu, tomou forma final. Muitos detalhes, principalmente do passado, foram revisados e alterados, graças à ajuda inestimável de Lúcio Kubo, tradutor e conhecedor da cultura japonesa. Martha Argel e Humberto Moura me deram importantes dicas sobre zoologia. E Roberto, meu amigo e companheiro, foi ouvinte e colaborador, um verdadeiro assessor para assuntos os mais diversos, que compreendiam desde videogames, novas tecnologias até armas de fogo e técnicas de luta.
E finalmente surgiu a capa! Uma bela capa idealizada por outro amigo de longa data, responsável também pela capa do meu primeiro livro, “Luar de Vampiros”: o designer Beléto Maya. O ideograma foi desenhado pelo fotógrafo Yuji Kusuno, que me enviou várias opções, todas muito bonitas. Acabei escolhendo a mais “selvagem”, a que tinha as pinceladas mais vigorosas.
E, para dar o toque final, a quarta capa do livro traz uma novidade: comentários de três dos escritores de vampiros mais conhecidos do Brasil:
André Vianco (Os Sete, O Sétimo, Bento, O Vampiro-Rei etc),
Kizzy Ysatis (Clube dos Imortais e Diário da Sibila Rubra) e
Martha Argel (Relações de Sangue, O Vampiro da Mata Atlântica e O Vampiro Antes de Drácula). Sim, esses três escritores leram “Kaori” em primeira mão. Afinal, quem entende mais de qualidade em ficção de vampiros do que eles? E o melhor de tudo é que todos eles aprovaram “Kaori”. Eu nunca tive dúvidas quanto à qualidade de “Kaori”, mas saber que eles, que conhecem a fundo os mistérios de se escrever uma boa ficção de vampiros, gostaram de “Kaori”, vou lhes dizer: não tem preço!
Só pra dar o gostinho, vou colocar aqui o comentário do bigboss André Vianco:
“A narrativa de Giulia Moon é arrebatadora, misturando tudo o que há de melhor na literatura de terror e suspense. Kaori não pode ser chamado de um ‘sopro’ de talento e diversão para os leitores mais exigentes, Kaori é um ‘ciclone extratropical’ dos grandes, avassalador e intenso.”André ViancoNão é bacana? E o mais bacana de tudo foi a atitude incrível desses três em deixarem de lado os seus inúmeros afazeres para ler um calhamaço de trezentas páginas de “Kaori”. Eu só tenho a agradecer a eles. Por isso mesmo, eles estão e vão continuar fazendo sucesso, mostrando que em matéria de talentos, a literatura vampírica brasileira não fica a dever a ninguém. E, em matéria de bom-mocismo, mais do que nunca os escritores de vampiros estão na frente, pela boa vontade, companheirismo e generosidade.
Bom, agora o principal: o convite pro lançamento! Olha o layout novo, criado pelo Tiago Castro:

Marquem nas agendas, coloquem lembretes por aí e, se tiverem tempo e paciência, ajudem a divulgar, please! Quero ver todos os meus amigos lá na Saraiva do Shopping Paulista. Vai ser no dia 3 de setembro, uma quinta-feira, às 19h30 (mas podem chegar depois, estaremos por lá até o shopping fechar!).
Acessem a
página da Giz Editorial pra saber mais um pouco sobre o livro. Se quiserem ler (ou reler) um trecho inédito de “Kaori” que postei aqui no blog, olha o
link.
Pra quem está no Orkut, fica o convite da titia Giu pra participarem da
comunidade da “Kaori”. Estou sempre por lá, comentando, postando novidades sobre o livro e contando detalhes do making-off de “Kaori”.
Então é isso. Um longo post para um assunto importante. “Kaori” está chegando, pessoal. Espero todos vocês lá, no lançamento. E, para quem não mora em SP, mas torce para o sucesso de “Kaori”, peço para continuarem na torcida, mandando energias positivas para esta vampira que vos ama...
Um grande beigiu pra todos!